Risco Cardiovascular
“Bayes aplicado ao risco cardiovascular.”
Aplicação do Teorema de Bayes para ilustrar como fatores clínicos — como sexo biológico e tabagismo — alteram o risco estimado de infarto agudo do miocárdio até os 55 anos.
A probabilidade de uma pessoa ter um infarto até os 55 anos depende fortemente do conjunto de fatores de risco individuais. Na literatura epidemiológica, observa-se de forma consistente que:
- Homens apresentam risco cumulativo aproximado de 6% a 7%;
- Mulheres apresentam risco entre 2% e 3%.
Sabemos também que o tabagismo é um dos fatores isolados mais potentes de aumento de risco: mesmo poucos cigarros por dia dobram ou quadruplicam a probabilidade de eventos cardiovasculares. Assim, ele funciona como um multiplicador importante sobre qualquer risco basal.
Para fins didáticos, adotaremos uma modelagem simplificada, tomando um risco médio populacional de 1% e aplicando multiplicadores derivados da literatura:
- Sexo masculino: multiplica o risco basal por ≈ 1,6 → risco aproximado de 1,6%;
- Tabagismo: multiplica o risco basal por ≈ 4 → risco aproximado de 4%;
- Homem fumante: composição multiplicativa (1,6 × 4) → cerca de 6,4%.
Esses valores não representam previsões clínicas individuais, mas sim um exercício de raciocínio probabilístico usando Bayes para demonstrar como fatores de risco modificam crenças iniciais (prior) sobre a probabilidade de um evento ocorrer.
Referências
- Berry JD et al. Lifetime Risks of Cardiovascular Disease. New England Journal of Medicine. 2012;366:321–329.
- Albrektsen G et al. Lifelong Gender Gap in Risk of Incident Myocardial Infarction. JAMA Internal Medicine. 2016;176(11):1673–1679.
- Magnussen C et al. Global Effect of Cardiovascular Risk Factors on Lifetime Estimates. New England Journal of Medicine. 2025;393(2):125–138.